Palavras...

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luze
são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quemas
recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

1 comentários:

Mari Ceratti disse...

Márcio, muito bacanas os dois blogs. "Deixe a beleza do que você ama ser aquilo que você faz" também é legal...
Só por curiosidade, como você encontrou meu blog?
Obrigada pela visita!
Abs, Mariana